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O Espaço é Seu

Vida e obra de Ernesto Havon (Fernando Cabral)

30.03.15

Talvez você não saiba, mas Ernesto Havon é o artista plástico do momento. O queridinho da alta sociedade. O preferido pelas celebridades que, além de ricas e bem casadas, mostram um interesse tão profundo e genuíno pelas artes plásticas quanto pelas cirurgias plásticas.

Mas a fama do badalado pintor vem de um fato curioso. Ernesto Havon utiliza em seu quadros uma matéria prima única: suas fezes. Sim, suas próprias fezes.

Mas o sucesso não veio fácil. No começo, sua arte foi praticamente ignorada pelo público. Suas exposições ficavam às moscas – aliás, um público até hoje muito fiel ao artista.

Outro fator que dificultou o seu devido reconhecimento é que poucos conseguiam se aproximar o bastante dos seus quadros para ler a assinatura.

Assim, se não fossem os críticos de arte resfriados, o nome de Havon teria demorado ainda mais a ser descoberto.

Humilde, o artista assume que no início da carreira era muito ingênuo. O jovem Ernesto lia as críticas dos jornais e demorou a perceber que “exposição de merda” e “artista de bosta” nem sempre eram uma simples descrição do seu trabalho. Seja para ser aceito no restrito universo da arte como para obter suas tintas, foi preciso muito esforço.

Nas exposições seguintes seu trabalho evoluiu tanto que na década de 90 realizou seu primeiro vernissage internacional. Em 1992 expôs no MoMA de Nova York. Mais precisamente no banheiro masculino dos funcionários do turno da noite. Apesar da pouca visibilidade, foi um sucesso de crítica. Mereceu 3 estrelas do rigoroso crítico de arte do Jornalzinho dos Funcionários do Museu.

Hoje existem figurões que pagam altas cifras para arrematar um dos indefectíveis quadros de Ernesto. O curioso é que esses mesmos figurões, após pendurar um quadro de Havon na parede da sala, começam a receber menos visitas para jantar. E os poucos visitantes ficam cada vez menos tempo, alguns inclusive com grampos de roupas no nariz, e, outros, sem motivo aparente, preferindo ficar o tempo todo com a cabeça para fora da janela, o que atrapalha um pouco as conversas.

Numa entrevista recente, Ernesto revelou um dos segredos para obter os tons singulares dos seus quadros: sua dieta. Quando a tela precisa de uma certa textura irregular, ele come sementes. Já para uma pincelada mais densa e uniforme, nada melhor que uma boa dobradinha na noite anterior.

Ainda segundo o artista, a maioria das ideias surge assim, no meio do dia, passeando, no cinema, no parque, e algumas vezes no banheiro, o que é muito prático, pois já que está obtendo a matéria prima, faz uns esboços ali mesmo.

Minha mãe odeia encontrar meus rascunhos no azulejo do banheiro”, confidencia o gênio.

A mãe de Ernesto foi a primeira e até hoje, maior incentivadora do artista. Ela ainda guarda em um cofre particular a primeira obra prima do artista. Na verdade, sua primeira fralda, onde pode-se perceber sem o menor esforço a figura de Monalisa. A obra já foi avaliada pela casa de leilões Sotheby’s, de Nova York, em 13 milhões de dólares.

Quando questionado se as poucas exposições do ano anterior representavam um bloqueio criativo ou uma má fase, Ernesto esclareceu: nada disso, se tratava apenas de uma prisão de ventre mesmo. Segundo ele, sua fase mais produtiva foi quando morou no México. A cultura mexicana lhe trouxe muita inspiração, e a comida mexicana muitas diarreias. Ernesto produziu como nunca.

Quanto aos críticos, Ernesto Havon responde:

- Os críticos? Estou cagando para eles.

Fernando Cabral, redator

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